domingo, junho 21, 2020

domingo. ás vezes me dá uma saudade de casa. nessa busca por fotos para o livro, encontro fotos de 2016, fotos aleatórias, avulsas, são de quatro anos atrás mas que já parecem tão antigas. parecem de outra vida, uma outra pessoa que eu fui. agora eu sou ela e mais uma que, durante um tempo, ficamos sobrepostas, desdobradas uma em outra, mescladas e então nos fundimos, essa junção que sou agora, que sempre abraça essa angela distante, trago para perto, a mãe, a dona de casa, a vizinha, a que ia ficar para sempre olhando a vida pela janela, já não tinha mais tempo, aos 58 anos. publico no instagram, as fotos que achei, faço borda de fotografias da kodak. minha janela, minha mão gordinha sobre a colcha preferida,o anel que hoje cai do dedo. dos meus objetos de afeto, a caixinha coração em papier marchê. das fotos, a colcha já não existe mais, o coração está no guarda-móveis dentro dele guardo anéis, uma tornozeleira e um monóculo com foto de infância que, um dia, espero rever em cima de algum outro móvel novo, ao lado de uma janela ao sol da tarde que é quando bate essa luz. a janela, quando a chuva batia de frente e eu ficava ouvindo o barulho em paz, emocionada, mirando o morro e sua floresta, eu sei que nunca mais.

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