sábado, julho 09, 2005



Enquanto ouço noticias sobre as explosões em Londres, leio o blog do Flip e penso na África.
Penso em todos os shows do U2 e em todas as ações, em todos esses anos do Bob Geldof.
Penso em pessoas como ele. Tento fazer mentalmente, uma lista de pessoas que querem a
humanidade, que não são felizes se o outro não estiver feliz, enquanto isso, digito uma pesquisa
sobre Assédio Moral. Penso na música do Caetano. O Haiti é aqui. O Haiti está no mundo inteiro.
Acho que agosto chegou em julho. Olho em volta e o panorama me parece o de um borderline.
Mas o blog do Flip e a gravidez da Angelina Jolie chamam a minha atenção, e Ronaldinho e a
importante questão de como ele vai fazer agora com aquela tatuagem no punho e a final
da Libertadores da América chamam a minha atenção também. Libertadores. Marcos Valério
também chama a minha atenção. A gente lida com Marcos Valérios o tempo todo e se dá conta,
muito exatamente, quando vê um, assim, pela televisão. Deles, não se pode nem admirar a
canalhice porque é pequena. Devem ter decorado alguma versão muito mal traduzida de
Fausto ou de O Príncipe e aí ficaram assim. Também vejo o jogo de volei novamente, como
na semana passada. Por enquanto está dois Brasil e um Cuba. Um jogo de volei do Brasil pode
curar. Às vezes é o cotidiano que salva a sua alma. Ou a banalidade de tudo diante de
grandes tragédias. A banalidade salva. Trata-se de usar o ruim em favor do bem. Tenho lido
matéria pesada, coisas sobre crueldade e covardia, sobre o poder e sobre lidar com
situações de profunda maldade, sobre motivações vis, sobre corações empedernidos e leis
que não funcionam. Talvez fosse melhor passar o dia lendo Baudelaire. Talvez fosse melhor
não comentar isso no blog. Deixar escrito sobre coisas que não funcionam, registrar lamentos,
falar sobre estar sofrendo. Todo mundo sabe, eu não acredito nisso. Mas afinal, sempre recebo
respostas que me fazem acreditar no poder da oração. Sempre volto ao ponto final: por mais
que as coisas fiquem horríveis, por mais que tudo se mostre duro e seco, tem mesmo aquela
delicia interna e por natureza, logo mais, a minha vida estará rindo novamente. Mas hoje...
Lembra daquele filme em que os cinco irmãozinhos enfrentam o vento, o frio, a neve congelante,
para buscar o médico, a pé, pela nevasca, por quilômetros de distância, para sua mãezinha
que está agonizante na cabana fria junto com a irmãzinha paralítica, mas que não adianta nada
por que, quando eles chegam, depois de passar horas tentando desatolar a charrete do
médico, a mãe já está mortinha e os irmãozinhos acabam divididos e separados pra sempre,
na casa de madrastas cruéis e a ultima noticia que eles recebem um do outro é que a
irmãzinha paralítica morreu de tuberculose, lembra? Hoje é dia.

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