a vida é isso mesmo, ela dói. as vezes eu quero escapar, as vezes a gente escapa. Vezes em que o sentimento é tão intenso que eu vou no sentido contrário, me afasto, bloqueio. Mas não adianta porque a vida está aí, ela chama de volta e continua. em algum momento vou ter que encarar, ninguém consegue ser infeliz por muito tempo, o coração fica batendo, batendo, ele avisa, mesmo que voce tenha enterrado o pobre embaixo de toneladas de concreto. voce sabe que ele está ali, e se eu não ouvir, morro, já aprendi o que é morrer em vida, não me escutando, não ouvindo meus próprios passos, vivendo a vida dos outros, o sonhos dos outros, tem horas que a gente não cabe mais no lugar. difícil se despedir de onde foi feliz, se sentiu segura, difícil se despedir do que um dia foi o amor completo, a razão da vida, e a gente queria continuar mas já não cabe. Eu olhei em volta e era tudo tão familiar e bom. mas já não serve, é estagnante, é armadilha, é opressão, é só espera vã. È como quando a gente é criança e cresce e a roupa já não cabe, tive um vestido aos nove anos, era um tubinho rosa, de casinha de abelha e um laço de seda, lembro hoje, lembro sempre, um dia não me cabia mais, não entrava, não fechava, eu tinha crescido, chorei, chorei, depois segui vida, acho que sou assim desde menina, quero ficar mas a vida me leva. é para um lugar melhor depois, é para ser mais feliz, é para cumprir destino, evoluir, amar mais profundamente, fazer mais sentido, cumprir os ciclos, as fases, sentir que está vivendo de verdade, e a paz que isso traz no final, no novo fim, no novo começo, na plena certeza do continuar daqui, Mas a vida dói, mesmo nos dias mais felizes, mesmo quando é seguro, mesmo quando é encontro. Então aceita que dói menos.