segunda-feira, abril 25, 2005



Hoje tinha noite de autógrafos da mãe, bacana, na Travessão, o livro é uma
coletânea de textos junto com Sabato Magaldi, Flávio Marinho, ela e outros,
Brasil, Palco e Paixão (tem esse link pro Estação Veja mas não sei se vai
pegar). Acontece que ontem ela não acordou legal e hoje já viu né? Principio
de pneumonia; não rolou. Mas a Pata foi lá agora, representando a mãe.
O pessoal da casa meio que já se acostumou com as pneumonias dela, só resta
é descobrir a extensão. Melhor. A pneumonia dela é conhecida, melhor isso do
que outra coisa desconhecida. Pneumonia de Bárbara é quase uma marca registrada :)
Amanhã ele vai estar nova em folha, só que, a cada pneumonia da mãe, eu lembro,
desde 1993, me lembro bem, nunca mais pude esquecer: toda vez que a mãe faz
uma pneumonia eu lembro do Geraldo Tomás; do que ele falou nessa época,
a respeito das pneumonias dela, lembro daquela carta à Veja onde ele diz que
esperava ansiosamente pela próxima pneumonia da mãe; que ele esperava que
essa fosse a derradeira; que ele ansiava que ela estivesse morta antes da estréia do
proximo espetáculo dele. Me lembro também que ele chamava a mãe de espantalho
feminino e que ele retiraria a mãe a pontapés da platéia de algum espetáculo que ele
dirigisse ou encenasse sei la. È estranho; eu já passei por perdas e dores ,
sei que sofrimento não confere maturidade a ninguém - não me canso de dizer se
assim fosse seríamos um planeta de sábios - apesar disso, posso dizer que com a
idade, consigo a maior parte do tempo, ver minhas razões mas me colocar no lugar
do outro também, ter empatia com seus sofrimentos e limitações, compreender o outro,
o porque de suas ações, o que faz de mim uma pessoa por vezes flexível até demais,
eu acho, em detrimento de mim mesma, dos meus ideais, e posso dizer que esse episódio,
não influiu diretamente na minha vida, apesar dos laços de afeto que me ligam a
Dora, e nem de longe foi a pior coisa que eu ouvi na vida mas, essa é uma lembrança
recorrente, eu lembro dessa carta do Geraldo Tomas sempre, quando ouço alguém
dizer a palavra pneumona e espantalho também, fixou uma imagem, penso. São as
palavras que mais me lembram Geraldo Tomás: pneumonia e espantalho.

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