sábado, setembro 03, 2005
Está nublado aqui e o tempo carrega uma estranha calmaria. Nenhum vento, nada
se move. Talvez seja uma compensação pelos furacões na América, ou a bonanza
dos que ainda estão por vir. Nós merecemos essa felicidade. Há quatro dias acordei
com febre, e 'tou aqui de molho desde então; hoje, perdendo de ir conhecer uma amiga
querida,de muito tempo de web. Fico pensando no que Eric me disse, que quando a
gente está restrito a uma situação, coisas bobas se tornam especiais. Se é assim,
minha vida deve ser uma restrição que eu mesmo não alcanço pq, valorizo a vida como
se estivesse sempre nos meus últimos minutos. Tudo é bom, até o ruim, mas não é o
caso agora. Sabe uma coisa? Ás vezes a vida parece um filme de poesia. Silêncio a
ponto de ouvir o robe roçando no tapete enquanto eu ando, voltar eu mesma a fazer
meu café, olhar pela janela, querendo sentir se, lá fora, é como aqui dentro. As vezes é.
E, ás vezes, a vida dá uma parada pra gente sentir o caminho dela. Vendo Felipe correr
pelo jardim com seu sabre de luz, bradando contra o vento, mais parecendo um Dom
Quixote que o Luck Skywalker. E por que ele é o dono do mundo, também é o Darth
Vader da história. Viu mãe? Eu sou o mau-feio, iaaa... Eu sigo meu vilão/herói pelo
jardim, correndo atrás do sonho, ouvindo os risos e pulando junto os obstáculos
imaginários que eu mesma ajudo a construir. Como é bom vencer junto todos os inimigos
que, por natureza, acabam todos perdoados e todos nossos grandes amigos, No mundo
de Felipe sempre houve redenção. No mundo dos sobreviventes o amor redime.
Ouvi Felipe abrindo a porta atrás de mim, silenciosamente, até me ver de pé, olhando
pela janela. Mãe? Tá melhor? Tá fazendo o quê aí na janela com essa cara de boba?
Ele sabe. Mas me olha com o coração em dúvida, se ainda gosta de ser lembrado como
um menininho ou não. Acho que sim. Acho que não. Eu olho pra Felipe e para a namorada
abraçados na porta do quarto e olho para o jardim onde há dois minutos ele tinha 6 anos
de idade e olho pra mim também, e acabo tão feliz no silêncio do tempo. Eles fazem barulho
lá embaixo, espalhando música pela casa, uma música estranha e bela, uma música do
futuro, me trazendo de volta, sem saudades. E agora eu já não me sinto mais mãe
de ninguém, eu me sinto com a idade deles.
E a música é linda mesmo :)
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