terça-feira, novembro 01, 2005



Tá meio atrasado mas, dia desses, semana passada, foi dia do aviador.
Meu pai era aviador. Era da Panair do Brasil. Comandante Scott.
Depois foi pra Varig e se aposentou por lá. Achava inacreditável e fenomenal
ter alguém tão perto de mim, de parentesco, que pilotava um DC-10. Aquele
bichão enorme que eu pensava ser maior que o maior dos navios do
mundo. Então gosto de coisas que têm avião no meio. Asas. Asas de Saint Exupéry,
apesar do Pequeno Principe, as asas que definiriam o destino do paciente
inglês, desse tipo de asas ou metáforas de asas. Também gosto de anjos.
Dos anjos inventados como os da Biblia Sagrada, aqueles de enormes asas
brancas de penas humanas e dos anjos de verdade como os de Win Wenders.
que olham pra mim do alto de edificios. Poderia falar horas sobre anjos e
aviões, mas acabaria tentando juntar um ao outro, anjos de metal, aviões de
asas brancas, deixando rastros brilhantes, teria que inventar estórias e no
momento só vivo de verdades. Digo, contas a pagar, metas a cumprir, espaços
a conquistar, políticas a debater, coisas que deveriam ser legais mas que atravacam
alguém como eu, que só se sente á vontade perto de pessoas que vêem cachorros
saindo de nuvens. Melhor voltar. Mas o poema aí embaixo, ouvi num filme, o que
ele descreve, já senti essa alegria. Era só isso. Salve o dia do aviador e o nome do
filme era O Homem sem Face.

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