quarta-feira, maio 14, 2008



Laços. "Há um vilarejo ali, onde areja um vento bom". Penso em abrir com minha irmã,
um dia, uma pousada em algum lugar pertinho, quartos claros, janelas azuis, prato-feito.
Honestina. Talvez eu vá para um lugar assim quando tiver 70 anos. Não falta muito.
Adoraria. A questão é que dia desses tive um sonho premonitório. Estava confortável numa
poltrona de avião, voltando para minha casa que ficava na Itália. Voltava antes pois queria
um tempo para visitar meus amigos em Nice. Talvez aconteça, quem sabe, por enquanto, não
tenho nenhum amigo em Nice e até onde minha vista alcança, não moraria na Italia jamais,
enfim, já tive outros sonhos premonitórios, um deles foi que eu morava aqui, onde estou
agora, nesse aparente dolce far niente, mas a verdade é que eu 'tou gestando. Deve ser o
caminho..Minha vida , não se pode dizer que seja cheia de surpresas, mas nunca se pode
dizer que seja monótona. Mês passado fiquei sabendo que uma parte da minha família,
dos Rossigneux, vive nas imediações de Lyon, são merchant du vin, segundo minha prima
que esteve com eles. Prima essa que conheci agora, aos 50 anos, que me achou no Orkut,
nada comparado a sensação de descobrir que tinha duas irmãs aos 21 anos mas foi
igualmente surreal; essa mulher sem que eu imaginasse nunquinha nossa relação de
parentesco, é pessoa que admiro muito e sempre acompanhei a carreira, tá? Vida,
se tentar entender perde a delícia.





sábado, maio 03, 2008



Sobre o óbvio. Não desejo fazer parte de nenhuma sociedade, nenhuma agremiação,
turma, confraria, clube, grupo. Não necessito de aceitação ou aprovação mas de
reconhecimento. Tenho amigos esparsos, a maior parte deles circunstanciais.
Me causa estranheza e uma certa repugnância mais do que dois adultos conversando
entre si. Meus encontros precisam ser calmos. Com cada pessoa que falo meu contato
é profundo. Tento evitar esse contato mas é inevitável: em cada um de nós vive aquele mal intransponível,
a alma pequena e ver quase que sempre isso, dói. Não desejo criar raízes e nem
desejo mais encontros que me tragam aprendizados, vivências, resgates, etc. Depois de
um certo tempo, pessoas vão embora, não por vontade. Elas cumprem um papel na
minha vida, eu na delas, umas permanecem por mais tempo, outras menos, assim é.
Então, tenho especial predileção pelo sentimento de desapego. Apesar disso, sou
capaz de entregar minha vida para causa ou pessoa. Sempre esqueço de mim, poucas
pessoas entendem disso, pouquissimas vezes obtive respostas, aprendi que apesar
de estar em contato com toda a humanidade, minha familia na Terra é bem pequena.
Tenho um lugar garantido no silêncio mesmo diante do pavor e da maldade e me
considero uma das pessoas mais felizes que conheço. As vezes é melhor seguirmos
o coração, as vezes o melhor é não colocar o coração na mesa, as vezes é melhor
ouvirmos aquela musica e só.