quinta-feira, dezembro 04, 2003



Tenho feito pequenas descobertas nesses dias de dureza e aspereza.
Minha vida está virando uma espécie de aventura de volta, alguma coisa
próxima dos sonhos, onde tudo volta a ser suave e belo, não importa o quanto
de dor ainda exista ou continue a existir, não importa. É uma espécie de redenção.
A vida ás vezes pára e fica naquele ponto até que a gente desate outros nós.

Saí andando pela cidade um dia, o dia em que eu me perdi no bairro, ainda desconhecido.
Essa música não saía da minha cabeça, porque eu me via em todas as vitrines, me vendo
passar. Não que alguém me vigiasse, decerto ninguém catava alguma poesia que eu entornasse
no chão mas, dentro daquela galeria, a minha volta como um perfume, a música e, a minha frente
misturado ao reflexo dos letreiros, eu via o reflexo de alguém feliz, alguém recém nascido,
uma mulher.

Lá se vão muitos anos, mas o encanto aparece, quando, assim, de vez em quando, me olho,
de frente e sem subterfúgios no espelho. Ela está lá, eu estou lá. É só mudar o ponto de visão,
a perspectiva, a lente; ela ainda está aqui. Feliz.

***

Se olha no espelho. Os sobreviventes têm o olhar quase ingênuo, já viu?
Mas, claro, isso é um segredo : )

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