quinta-feira, dezembro 15, 2005



2005, fim de festa. Eu não ando triste, na verdade ando cansada, por antecipação;
o que vem por ai pra mim, ano que vem, vai ser pedreira. Ganhei dois cds essa
semana, um do Keith Jarret, Vienna Concert, que é muito bom pra ser chique e ficar
vegetando e dormir tendo como última lembrança o céu, espalhada entre jornais de
domingo. Foi ótimo. Meu amigo, que é musico, acha isso uma coisa muito feia, Jarret
é para ser ouvido com deferências. Mas não, a vida já é muito difícil. O outro foi
do EBTG. Nos anos oitenta, no auge, não achava graça neles, hoje são meus
preferidos. Ganhei um the best of, então é a música de hoje, de ontem e de anteontem.
Acho que estou meio desregulada. Estou num momento de recolhimento, aquele
recolhimento de alma, que é próprio do outono, Também o tempo ajuda: que tempo
é esse? Chuva fina, céu escuro e o mais inacreditável frio em pleno dezembro no
Rio, quem explica? Mas tento sempre respeitar meus ritmos mesmo que eles estejam
fora de tempo. Então, durmo e sonho e tenho sonhado tanto que se contar faço a
alegria e êxtase dos analistas junguianos. Ontem sonhei com a criação do mundo,
sonhei com o ritmo do universo, sonhei com o sentido da vida, hoje sonhei que
a minha alma saía pela minha boca e tomava conta do meu corpo que ficava enorme
e, borboletas e passarinhos minúsculos e flores e estrelas, fluíam das minhas mãos
e voavam ao redor do planeta espalhando uma luz rosa e dourada que tomava conta
de tudo e transformava todo homem, animal e planta em seres únicos, gratos e felizes;
e, quando eu olhava pra cima, para todos os lados, o planeta inteiro estava coberto
de amor e o universo vibrava no som da paz. Tudo bem, tem gente que rebenta, tem
natureza de explodir, a minha natureza, claro, é a do delirio mas, passarinhos e
borboletas saindo da luz rosa e dourada ao som da paz? Que coisa cafona. Precisava
estar táo cafona assim? Valha-me a deusa. Então, final de ano nesse ritmo, até mudar o
dial, melhor ficar quietinha. Navego, falo pouco e leio scripts. Adoro scripts. Estou lendo
Contact novamente e depois, se der, emendo em Jackie Brown. Por falar nisso, tem
mais de Tarantino aqui. Agora vou ali e já volto. Se por acaso esse ano eu não mandar
cartão de natal, releve. Será melhor do que receber uma borboleta cantando noite feliz,
noite de amor pra você. Felipe me disse pra mandar, nem que seja um espaço em branco
e avisar que ali no espaço em branco, existe uma semente. Adormecida. Putz. Filho de
publicitário já vem equipado de fábrica com brainstorm, né? Queria ler o script de Cidade
de Deus. Alguém tem? Queria ver esse dvd super dificil de conseguir. Queria a super
dificil de conseguir trilha sonora desse. Olha que bacana esse blog.

Beijo, pessoal : )

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