terça-feira, agosto 23, 2005
Do que eu conheço no mundo, eu adoro Vermeer. A luz. Não me importo muito com
o tema, mas a luz. Vi ontem um lugar onde eu gostaria de viver pra sempre, e que
além disso, tem uma luz linda, vi nas fotos, é a região da Ligúria. Vi, procurando
pelo molho pesto original, pq faço um aqui, que sempre achei que era pesto, mas que
meu amigo disse que não; pesto leva pinolli e pecorino. Pinolli e pecorino em Pendotiba? Ná.
Sempre fiz com castanha do pará e parmezão, nem ligo, fica ótimo. Meu almoço
hoje foi talharim com molho pesto de Pendotiba. De entrada, uma salada de alface crespa,
agriãozinho novo e tomate seco temperado com azeite e especiarias, feito em casa, depois
tangerina, mas tangerina de verdade, tangerina mesmo, sabe? Quando ainda não existia
polkan? Pois. Depois café purinho extra forte. Agora me diz, quem precisa dessa coisa carne?
Pensa só, que delicia de talharim com molho pesto, hein? Todo aquele aroma de manjericão
fresco, a textura do azeite, os pedacinhos de castanha, o gosto do queijo, a bela pasta em
ninho no centro do prato, me diz, quem precisa de um bicho morto pra acompanhar essas delícias?
Fico pensando nisso. Mas o assunto é outro. Então: a Liguria. A Liguria tem tudo que eu gosto no
mundo, lê aqui e vê, achei um sonho de lugar. Eu me alimentaria de nozes, azeitonas, funghi e
temperinhos em caráter permamente Ainda tem o vinho, o mar azul profundo, o clima
mediterrâneo e as escarpas floridas o ano inteiro. Com certeza devem existir golfinhos,
Dizem também que é lugar de milionário americano, mas deve ter um espacinho pra
mim. Posso ser uma prestadora de serviços para os milionários americanos, fazer comidas pra
eles, comidas brasileiras, ouvir perguntas pitorescas sobre Pelé, Ronaldinho, mulatas,
Copacabana, como eu faria a algum búlgaro, sobre o mais óbvio da Bulgária por exemplo,
de onde eu não conheço nem a música; qual a capital da Bulgária? Não sei. Pelo menos
os americanos sabem que a gente aqui no Rio, mora em Buenos Aires, o presidente
deles ensinou. Posso virar artesã, alguém que tricota sentada na porta da casa,
belos casacos verdes e belos casacos amarelos, ou posso fazer vidros. Artesã de vidros.
Vidros azuis profundos, contas de vidro que virariam colares milionários, faria lindos vidros
de perfumes, perfumes que eu mesma faria, em vidros exclusivos, vidros que combinem
com as cores das uvas, vidros que componham com flores. todas as cores. Posso virar
personagem da cidade, aquela mulher que anda pela cidade, quem será e nunca ninguém
saberá, mas cobraria para posar para fotografias, Toda de branco, como a mulher de
branco de Ipanema. Lugares diferentes, almas iguais. Posso virar uma vidente, já sou
vidente, todas as mães são videntes, toda mulher é vidente. Leria os futuros dos mais
novos, o futuro de alguém nas minhas mãos ao cair da tarde numa varanda branca com
cortinas silenciosas. Dizer coisas a alguém que me ouve com muita atenção. De-me sua mão.
Mas dizer só coisas boas; olhando nos olhos de algum ser humano, olhos boníssimos,
que refletem os vidros postos na mesa. Também posso de lá, trabalhar para um jornal bem
pequeno, do interior do Brasil, do interior do interior, mas que, de tão pequeno, tivesse
a vocação pra falar de outros lugares. E eu inventaria viagens, escreveria sobre lugares
que nunca visitei, viagens que nunca fiz, mas que eles fariam, parados na estação do
trem, qual Pinduca toda a manhã, lendo os sonhos de outra pessoa, tirando os olhos do
papel de vez em quando, para olhar estrelas. Um trem pras estrelas. Tão bom.
Mas Vermeer, que era o post - era a idéia, dar um link pra Vermeer - e, aparentemente
não tem nada a ver com esse meu lance viajandão, voce encontra no blog de Jorge Pontual. Bacana.
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