sexta-feira, agosto 26, 2005



Gosto de palavras como sagrado, secreto, floresta, jardim.
Jardim Secreto. Floresta Sagrada.
Uma vez conheci um homem, um russo, da Ucrânia. Ele veio para o Brasil naquela onda
de Uri Geller, funciona!, parapsicologia e psicotrônica. Ele me dizia que o que a gente
gosta hoje, é lembrança de outras vidas ou o acúmulo de tudo o que veio atrás de nós.
Ele praticava hipnose. Era um entusiasta, e, da dor de cabeça a paranóia, achava que
tudo podia ser resolvido com uma sessãozinha de hipnose básica. Ele tinha uma maneira de
olhar como se quisesse atravessar você, e dizia, -.." da hipnose nin-guém escapa.." com
aquela voz carcterística de quem não escapa da hipnose.
Ele nunca conseguiu me hipnotizar, eu ficava constrangida com isso, tinham tanta esperança
que ele me curasse e, pra não estragar tanta esperança, eu fingia pra ele que ele conseguia;
até hoje sinto muita ternura por ele, aquele homem tão onipotente nas suas convicções que
não conseguia enxergar o que estava bem diante de seus olhos, mas que afinal, só queria o bem;
Angela, a moeda está ficando quente na sua maão,,,, queeente, maais queeente... e eu, fazia
cara de dor. Muito tempo depois eu não conseguia parar de rir naquele comercial, do chocolatinho
sabe? Compre Batoooomm, compre Batooom...uma coisa.
Anyway, achava legal as histórias que ele me contava, coisas misteriosas de um mundo
distante. Ele mesmo era quase uma personagem igual: imagine, um russo, que morava num
castelo, no Rio de Janeiro, que praticava hipnose, e contava histórias de quando ele era
escravo do imperador da China.
Eu gosto de jardins secretos, ja fiz um nessa vida. Ficava atrás de um portão antigo numa
chácara por muito tempo abandonda na rua Miguel de Frias, em Icaraí, Niterói; e eu tinha
a nitida sensação de arrumar meu jardim da forma como eu me "lembrava" dele. Provavelmente
devo ter vivido em um outro jardim, em algum tempo imginário,
Lembrei de um congresso de Letras(!) vê se pode, eu e Letras, nada a ver, mas foi onde
conheci Nélida Pinon e ouvi dela coisa parecida. Ela dizia que sentia uma espécie
de assentimento e de sentido com coisas que não conhecia de fato, mas que ela sabia
fazerem parte dela. Ela via caminhos de pedras, vinhedos e lugares onde ela nunca tinha ido
e que depois teve a confirmação, quando fez uma viagem pra Espanha, se não me engano.
Deve ser como essa familiaridade que eu sinto com florestas onde eu nunca estive mas que
eu sei que estão por aí no mundo, em algum lugar.
Reencarnação, herança cultural, inconsciente coletivo, aquela coisa do córtex, atavismo,
o que for, parece que a gente faz parte de certos graus realidade que não conhece. Aquela
história da nossa vã filosofia. Conversei sobre isso com o Eric meu amigo de skype e ele
me disse que tem certeza de que o mundo dele tem a ver com o Havaí e erupções vulcanicas,
ele se sente muito á vontade com erupções vulcânicas :) Os meus, são lugares míticos como
a floresta de "A Lenda" ou onde habitam as fadas em "Sonho de Uma Noite de Verão".

Viajandona né?
Vai piorar.

Nenhum comentário: