sábado, abril 26, 2003





Caminho: "Nunca ria dos sonhos de outras pessoas." Dalai Lama

Descobri essa sentença procurando Ledusha no Google.
Procurando Ledusha por causa do post onde a Marina fala a respeito dela e de presentes.
Descobri que já a conhecia de rachar de tomar chop com o F. Stickel, que conheci através da Marina
e gosto demais. E muito antes deles, desse poema publicado na Meg: "Deus dos delicados, não me
abandone nessa guerra insana. Minha máquina de ser beira a pane enquanto o veludo da voz de Billie
lambe as paredes do lusco-fusco. Abençoe, Senhor, tudo que dói em nós, indispensável. As tardes
despenteadas em Grumari, as lágrimas do homem que me amou e nunca disse, o negro agonizante
sob o sol narcísico de Ipanema, as crianças que tão cedo me deixaram farta de lágrimas e leite, o
eco esquivo de Frederico, sinais de musgo. Abençoe as escarpas da minha vida enquanto desenterro
estas palavras - o carmim destas palavras com as lascas afiadas da dor. Sonho piscinas, atraída pelas
labaredas. Preciso dormir bem dentro das suas asas enormes, pai" - que eu tinha gostado tanto, mas
tanto, tanto, que fiquei dias sem precisar de mais nada, mas não sabia de quem era, porque só tinha
o poema colado, sem o nome, nos meus arquivos - eu sempre faço isso e depois me odeio - descobri
no Google, é da Ledusha.

Aí então fui ver Ledusha no Google e gostei quando li : "Ledusha é sincera ao explicar como surgiram
os tais prosoemas. Um crítico importante identificou uma intenção de criar um novo formato estético,
conta. Ele foi generoso, fiquei envaidecida, mas depois ri um pouco. Na verdade, a motivação foi algo
bem mais pragmático. O jornal me proibiu de usar a forma tradicional de poesia na coluna. Como
precisava muito do emprego e adorava aquele exercício de ser obrigada a produzir um texto por semana,
fui colocando os versos em sequência. Deu certo. Não era angústia literária, e sim um método desesperado
de sobrevivênci, lembra, entre risadas." Hehehe, é.

Eu tinha um sonho. Quando eu era criança vivia de esperar encontrar com Janete Costa de novo. Ela era
amiga do meu pai e foi a primeira pessoa que olhou pra mim de verdade. Eu me lembro. Eu era criança,
3 ou 4 anos, não mais, mas reconheci amor nos olhos dela. Amor e preocupação. Tenho essa lembrança.
Vivo dessas pequenas coisas. São elas que me dão sustento, alimento emocional para passar pelas graves
e corriqueiras experiências onde, nada vale a pena porque a alma é muito pequena, mas elas ficam
guardadas, lá no fundo e nem sempre vêm á tona quando eu preciso; o olhar silencioso de Janete Costa
que zela pela filha de Scott, a tempestade de neve na abóboda do teatro em Viena, que Barbara contou
como a mais linda das coisas que viu na vida, o homem que olhou pra mim com ternura masculina; mas
isso é outro post. Mas a Janete Costa, Ledusha é citada numa matéria sobre Janete Costa, tá la no Google;
coisa a ver com hotéis. "A poetisa Ledusha Spinardi, ex-habituê do Firenze..." voltei a sentir aquele olhar de
Janete que me identificava como ser independente e válido e passível de ser amado, tão diferente de outros
olhares e, foi através de achar Ledusha. Eu preciso disso; meu melhor anda afogado em pequenezas e mesquinharias.

Procurando por Ledusha descobri que existe uma revista italiana chamada Maiakovisk e uma música chamada
Ledusha com Diamantes e um blog chamado Vida Cheia de Som e Fúria e descobri que "Publiquem as poesias
da Ledusha, da Ana Cristina César, da Lúcia Villares, do Sérgio Antunes e parem de traduzir Heidelberg.", que
tem a ver com outras coisas. Coisas que tem a ver com cultura e condição humana. E arte. E a ver com tudo
que a gente desconhece vendo televisão. Ledusha bem que podia fazer um blog. :)

Eu tenho uma teoria: as melhores pessoas do mundo, pouca gente conhece.





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