quarta-feira, outubro 09, 2002



Se existe uma coisa que pra mim é verdadeira, como uma verdade infalível, é que, qualquer pessoa
quando abre a boca pra responder, nem que seja a uma pergunta banal, está contando a sua história.
Uma outra coisa que pra mim está quase no mesmo patamar de verdade infalível é que, uma pessoa
quando ouve uma outra, ouve também a sua própria história e não o que está sendo dito.
Eu sei que é obvio. O pulo do gato é saber discernir o que é minha história pra não ficar jogando minha
história de vida em cima do outro e criando a maior confusão em vez de entendimento.
Outra coisa que eu sei, é que o segredo é estar preparada serenamente, para ouvir e administrar,
as interpretações mais estapafúrdias, neuróticas, loucas, invertebradas, surrealistas, miseráveis,
mesquinhas e inacreditavelmente equivocadas a respeito da minha fala ou dos meus anseios.
Conseguir chegar perto do nível do entendimento com alguém assim exige vivência, equilíbrio, discernimento
e principalmente sangue frio. Congelado. Sei que um dia vou conseguir, tenho essa meta na vida, mas por
enquanto, eu tenho fracassado nesse assunto. Fracassado não no sentido da calma mas é que meu
interlocutor está tão distante que eu acabo só ouvindo e virando a página, ouvindo e virando a página, não
há entendimento, não há argumentação possível, não existe sentimento mais e não existe respeito tampouco.
É uma desistência. Dá um cansaço de ter que explicar e explicar. Esse que é o maior perigo, a gente desistir
das pessoas. Como aquela música do Mosca:
....” Olhei pro amanhã e não gostei do que vi, sonhos são como deuses, quando não se acredita neles,
deixam de existir. Lutei por sua alma mas...Admito que perdi.
Perdi, é. Admito que perdi.”




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